A Marcha Nacional de 8 de Novembro: trabalhadores em defesa dos seus direitos

Marcha Nacional de 8 de Novembro

No próximo dia 8 de novembro, Lisboa será palco de uma das maiores mobilizações sindicais dos últimos anos. A CGTP-IN convocou uma Marcha Nacional contra o Pacote Laboral, que terá início às 14h30, com concentração no Marquês de Pombal. Esta iniciativa surge como resposta ao pacote legislativo apresentado pelo Governo PSD/CDS, considerado pela central sindical como uma “contra-reforma laboral” que ameaça conquistas históricas dos trabalhadores e representa um retrocesso em direitos fundamentais.

A decisão de avançar para esta ação foi tomada pelo Conselho Nacional da CGTP, que definiu uma estratégia de luta articulada em várias frentes: plenários, paralisações, greves e manifestações em todo o país. O objetivo é claro: rejeitar o pacote laboral, exigir a sua retirada e reforçar a luta por melhores salários, condições de trabalho e justiça social.

O que está em causa no Pacote Laboral

Segundo a CGTP, o pacote laboral apresentado pelo Governo introduz medidas que fragilizam a contratação coletiva, aumentam a precariedade e reduzem a proteção dos trabalhadores. Entre as críticas mais fortes está a possibilidade de maior flexibilidade para as entidades patronais, em detrimento da estabilidade e segurança dos trabalhadores.

A central sindical sublinha que estas alterações representam um ataque direto ao direito à negociação coletiva, ao mesmo tempo que dificultam a conciliação entre vida profissional e pessoal. Para a CGTP, trata-se de um retrocesso social que intensifica a exploração e agrava desigualdades já existentes no mercado de trabalho português.

Mobilização nacional e solidariedade sindical

A marcha de 8 de novembro não será apenas uma manifestação em Lisboa: sindicatos e uniões de sindicatos de todo o país estão a organizar transportes para garantir a participação massiva de trabalhadores de diferentes setores. Esta mobilização nacional pretende mostrar a força coletiva e a unidade na defesa dos direitos laborais.

O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) já anunciou um pré-aviso de greve entre as 12h00 e as 21h00 no dia da manifestação, permitindo que os trabalhadores possam aderir ao protesto sem penalizações. Esta decisão reflete a importância atribuída à luta contra o pacote laboral e a necessidade de garantir uma presença significativa na capital.

A dimensão política da luta

A manifestação de 8 de novembro não se limita ao campo sindical. Diversas organizações políticas e sociais, como o Bloco de Esquerda, anunciaram a sua participação, reforçando a dimensão política da luta. Num comunicado dirigido aos seus aderentes, o partido apelou à mobilização, sublinhando que o pacote laboral representa “um dos maiores ataques a quem trabalha neste país”.

O ponto de encontro da comitiva do Bloco será junto à saída do Metro do Marquês de Pombal, ao lado da estação de bicicletas GIRA, na Avenida Duque de Loulé. Esta articulação entre sindicatos e forças políticas de esquerda demonstra a amplitude da contestação e a importância estratégica desta manifestação.

Uma luta que não termina em novembro

A CGTP deixou claro que a marcha de 8 de novembro é apenas um momento de um processo mais amplo de luta. A central sindical anunciou que, caso o Governo insista em avançar com o pacote laboral, não descarta a realização de uma Greve Geral. Esta possibilidade reforça a seriedade da contestação e a determinação em travar medidas que, segundo os sindicatos, colocam em causa direitos fundamentais.

Além da manifestação, está em curso uma campanha nacional de recolha de assinaturas dirigida ao primeiro-ministro, exigindo a retirada do pacote laboral e a revogação de normas gravosas da lei do trabalho. Esta ação pretende envolver não apenas os trabalhadores, mas também a população em geral, reforçando a ideia de que a luta pelos direitos laborais é uma causa de toda a sociedade.

Direitos, dignidade e futuro

A marcha de 8 de novembro insere-se numa longa tradição de luta sindical em Portugal. Desde o 25 de Abril, os trabalhadores conquistaram direitos fundamentais que hoje estão em risco. A CGTP sublinha que a defesa destes direitos não é apenas uma questão laboral, mas também uma questão de dignidade, justiça social e democracia.

Ao convocar esta manifestação, a central sindical pretende dar voz à indignação de milhares de trabalhadores que enfrentam salários baixos, precariedade e falta de perspetivas. A mensagem é clara: “A igualdade não pode esperar, os direitos não são negociáveis”.

Conclusão

A Marcha Nacional de 8 de novembro será um momento decisivo na luta contra o pacote laboral. Mais do que uma manifestação, trata-se de uma afirmação coletiva de resistência e esperança. Trabalhadores, sindicatos e organizações sociais unem-se para dizer não ao retrocesso e sim a um futuro de dignidade, igualdade e justiça.

Lisboa prepara-se, assim, para receber milhares de vozes que, em uníssono, exigem respeito pelos direitos conquistados e reafirmam que só com compromisso político, solidariedade e mobilização popular será possível construir um país mais justo.


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