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APF reage às declarações de Bento XVI

A APF reagiu às declarações de Bento XVI, no contexto da visita papal a países do continente Africano, sobre o uso do preservativo, considerando que as mesmas constituem um passo atrás nas politicas, programas e cuidados de saúde destinados a milhões de homens e mulheres, seropositivas ou não, de todas as idades, religiões e ao desenvolvimento dos países, nomeadamente os mais pobres com estruturas e cuidados de saúde frágeis.

Dois terços das pessoas infectadas com VIH no mundo (cerca de 33 milhões) vive no Continente Africano.

A disponibilização e o uso de preservativos têm um papel fundamental na prevenção do VIH/SIDA e nos esforços de muitos países, agências das Nações Unidas e ONG para travar esta pandemia. A prevenção é a resposta mais global e efectiva. Os preservativos são parte integral e essencial dos programas de prevenção e cuidados de saúde, cuja efectiva promoção deve ser incrementada e acelerada, em cumprimento também do direito à protecção e promoção da saúde e dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

De acordo com os dados da ONUSIDA, OMS e UNFPA em 2007 registaram-se cerca de 2,7 milhões de novas infecções com VIH e destas cerca de 45% em jovens entre os 15 e os 24 anos, estando as raparigas em maior risco. Em 2008 cerca de 22 milhões de pessoas com VIH viviam em Africa onde se registaram 1,9 milhões de novas infecções. O documento divulgado esta semana por estes organismos das Nações Unidas, refere ainda que “ o preservativo masculino é ainda hoje a “tecnologia” mais eficaz para reduzir a transmissão do VIH e outras infecções sexualmente transmissíveis …e que tem de estar disponível universalmente quer gratuitamente quer a baixo custo ao mesmo tempo que devem ser derrubados os obstáculos sociais e individuais ao seu uso.

Existem neste momento provas que em alguns países, como o Uganda, Camboja, Tailândia e Brasil, a diminuição do número de infecções, a estabilização do número de casos e o controlo sustentável da epidemia está directamente ligado ao acesso e uso do preservativo.

A promoção do uso correcto e consistente do preservativo em programas de tratamento, aconselhamento e rastreio com os serviços de planeamento familiar e saúde reprodutiva, e campanhas de Informação sobre sexo mais seguro, é essencial para reduzir as oportunidades de transmissão do VIH.

A Associação para o Planeamento da Família, membro da IPPF, relembra a urgente necessidade de tornar universalmente efectiva a promoção e disponibilização do preservativo, incluindo o feminino, continuar os esforços em torno da investigação e disponibilização de microbicidas e vacina, bem o acesso ao tratamento anti-retroviral.

O Papa Bento XVI afirmou que os preservativos não resolvem o problema, mas acrescentou que o uso de preservativos agrava o problema. Foram precisos 395 anos para o Vaticano reconhecer a verdade de Galileu, esperamos, conjuntamente com a comunidade internacional que reage indignada a estas Declarações, que sejam precisos poucos dias para reconhecer este recente erro que lesa a humanidade.

Direcção Nacional da APF

Lisboa, 20 de Março de 2009

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